O Rio de Janeiro continua Lindo

"O Rio de Janeiro continua lindo

O Rio de Janeiro continua sendo

O Rio de Janeiro, fevereiro e março"

...

O título refere-se a uma musica "Aquele Abraço" de Gilberto Gil, cantor brasileiro. Na sua letra, descreve as coisas mais típicas, as raízes da cidade do Rio.

Já passaram 6 anos desde que cheguei ao Brasil, e especificamente há 1 ano e meio atrás estou oficialmente a viver na cidade do Rio.

O calor, as praias, as pessoas, o açaí, a montanha que se funde com a cidade. Está a caminhar e de um lado tem a montanha e do outro a praia. A natureza que luta com os edifícios para não perder a sua proeminência. É uma cidade maravilhosa.

Há pouco mais de 6 meses, um casal de amigos deixou o Rio que amava tanto o Rio como eu, apesar de também serem argentinos. Pensei durante muito tempo sobre o que lhes dar... até que me deparei com um cartão que eles dão no hotel onde trabalho e que tem o perfil do Rio, da Baía de Guanabara, para ser mais específico. E eu pensei: "Será que eu poderia recriá-lo em macrame"?

O desafio era grande, eu nunca tinha feito uma paisagem em macrame antes. Os meus conhecimentos ainda estão a formar-se, e as técnicas estão a ficar mais fortes.

Mas eu nunca digo não a um desafio artístico. Sem mais demoras, atirei-me ao desafio.

Fiz algumas contas sobre o tamanho, a quantidade de material que iria precisar e outros detalhes. Tive de pensar em como iriam viajar com ela e como a iriam montar quando chegassem à sua nova casa. Desenhei tudo num pequeno caderno de notas, com as medidas exactas (que nunca respeito à letra) e comecei.

Não vou entrar no passo a passo, porque realmente não há nenhum. Era uma obra que fluía da minha mente para as minhas mãos, e das minhas mãos para a minha mente. Percorrendo todo o corpo, sentindo por vezes a emissão das silhuetas que se formavam, e um pouco de frustração também do que não parecia exactamente como eu queria. Mas lembrei-me que era um dom, que era a primeira vez que tinha feito algo assim, e que não existe perfeição na arte.

No final do dia, toda a minha energia e excitação que senti quando terminei foi reflectida nos olhos das pessoas agachadas. E é aí que a magia acontece... nesse preciso momento. Eles não o esperavam, e penso que eu também não o esperava. Um nunca está preparado para a reacção do outro. Nunca!

O que eu quero dizer é: deixe-se ir, sinta a magia que acontece no seu corpo quando cria. E não estou a falar apenas de arte, estou a falar de uma refeição, de replantar uma planta, de dar um abraço. Temos de nos sentir mais, estamos tão desligados de nós próprios, e do mundo.

É como o povo natural do Rio, que luta com o asfalto. Luta com o que te bloqueia, deixa a tua natureza emergir e enche-te de amor.

Obrigado por ler!